A próxima fronteira no universo das buscas pela internet é ter informação disponível sempre, sem que você precise perguntar por algo.
Quem prega isso conhece bem as entranhas do Google. Craig Silverstein, 39, foi o primeiro funcionário contratado pela companhia, em 1998.
Na época, ele largou o doutorado em ciências da computação na Universidade Stanford para trabalhar para um de seus colegas, Sergey Brin, na empresa que havia fundado com Larry Page.
"Bastaria o aparelho reconhecer o ambiente à sua volta e compartilhar aquilo que, talvez, você possa precisar", disse ele à Folha pelo telefone de seu novo emprego, como programador na Khan Academy, ONG que oferece educação on-line gratuita.
Na equação, claro, entram smartphones capazes de fazer buscas por voz.
Silverstein deixou o Google no começo de fevereiro deste ano, após 14 anos de serviços prestados.
Com tanta experiência, ele não hesita em apontar o caminho para o futuro das buscas. Falando rapidamente, quase sem respirar, ele diz que as ferramentas precisam se parecer mais com humanos.
"Quando você pergunta algo para uma pessoa, você interage, a pessoa compreende o que você quer e pensa nas melhores dicas. A melhor resposta é baseada em quem você é", explica ele.
Qualquer elo com a ideia de busca semântica, que o Google planeja implementar nos próximos meses, não é coincidência. Silverstein sabe o que acontece por lá.
Ele, afinal, ajudou a desenvolver a ferramenta de buscas que fez do Google um gigante. Silverstein criou a função pela qual é possível fazer pesquisas usando palavras entre aspas e a primeira, a segunda e a terceira gerações do servidor de web do Google.
BAIXA QUALIDADE
Silverstein afirma que muita coisa ainda precisa ser feita para que as ferramentas de busca compreendam melhor aquilo que os usuários querem. Ele diz que, atualmente, as ferramentas de busca compensam com quantidade a falta de qualidade dos seus resultados.
"O computador tem um entendimento simples quando se faz uma busca, mas o fato de cobrir muita informação faz com que ele consiga dar respostas", diz ele.
Quando o assunto é busca por voz em celulares, a pergunta parece inevitável: "Já usou o Siri, da Apple?".
A resposta não poderia ser mais óbvia: "Só em aparelhos de amigos. O Android tem uma ferramenta do tipo, que, embora seja um pouco diferente, me serve bem".
SAÍDA DISCRETA
A saída de Silverstein do Google foi quase na surdina. Ela só foi confirmada pela empresa após aparecer em uma newsletter de educação chamada "EdSurge".
"Provavelmente, eles não querem passar a ideia de que pessoas específicas são importantes para a companhia. Mas houve uma festa de despedida bacana", diz ele.
A troca do Google pela Khan Academy ocorreu depois que dinheiro deixou de ser um problema para o programador -em 2010, o jornal "San Jose Mercury News" estimou que ele tinha um patrimônio de US$ 800 milhões.
A empresa de comércio eletrônico MercadoLivre prevê uma aceleração dos investimentos e da concorrência nos próximos anos na região, devido à chegada de novos atores globais, disse o vice-presidente operacional da companhia, Stelleo Tolda.
A América Latina, com um sólido crescimento econômico e rápida expansão do acesso à internet, está atraindo empresas globais de tecnologia, como o site de compras coletivas Groupon e o de filmes on-line Netflix.
Segundo a imprensa brasileira, a gigante norte-americana Amazon pretende desembarcar neste ano no país, maior mercado da região.
"Há mais atenção para a América Latina. A região não tinha historicamente uma posição destacada no jogo global, mas isso tende a mudar, particularmente liderado pelo Brasil", disse Tolda à Reuters em São Paulo.
"Essa combinação de um mercado grande com forte crescimento sem dúvida atrai players globais... É de se esperar mais investimentos, mais concorrência e um maior nível de exigência do consumidor com relação ao que ele espera das empresas de tecnologia."
O comércio eletrônico na América Latina cresce a uma média de 27% ao ano, segundo a consultoria norte-americana IDC.
O Brasil concentra 60% das transações latino-americanas pela internet, seguido por México (12%), Chile (5%), Argentina, Venezuela (4% cada) e Colômbia (2%), segundo estudo da Visa e da América Economia.
Os principais motores do comércio eletrônico são o aumento da penetração da internet, o surgimento de uma classe média emergente e a agressiva expansão do uso de smartphones.
O MercadoLivre, que domina o mercado regional com 65,8 milhões de usuários registrados no final de 2011, disse não se sentir pressionado com a chegada de rivais como a Amazon.
"Não nos guiamos nem alteramos nossa estratégia por causa de um competidor ou outro", disse Tolda. "O mundo do comércio eletrônico é um mundo já globalizado, e os desafios que temos são maiores que no passado."
A empresa divulgou em fevereiro que teve um lucro de US$ 76,8 milhões em 2011, crescimento de 37% em relação ao ano anterior. E, segundo o executivo, a intenção é não tirar o pé do acelerador.
"Esperamos crescer tanto quanto for o crescimento do comércio eletrônico na região neste ano. A expectativa é em torno de 30%."
Uma pesquisa publicada na quarta-feira (28) indica que o MercadoLivre está se transformando em uma plataforma para vendedores profissionais. O estudo da consultoria Nielsen revelou que cerca de 134 mil pessoas na América Latina vivem de negócios fechados pelo MercadoLivre.
"Eles representam um percentual baixo do total, mas movimentam quase metade do volume de negócios realizados no site", disse Tolda.
Quando é hora de oferecer mapas on-line aos seus usuários, algumas empresas vêm abandonando o Google Maps e optando por territórios menos conhecidos.
Nos sete anos desde seu lançamento, o serviço de mapas viários, fotos via satélite e fotos de rua oferecido pelo Google conquistou o domínio no segmento de mapas on-line, ultrapassando predecessores como o MapQuest, da AOL. De acordo com a comScore, 71% dos 91,7 milhões de pessoas que procuraram mapas on-line em fevereiro, nos Estados Unidos, recorreram ao Google Maps.
No entanto, existem sinais de que o domínio do Google esteja sofrendo ataque --e as atitudes da empresa podem ser parte da causa.
Muitos sites incorporam o Google Maps às suas páginas, para identificar a localização de imóveis à venda ou mostrar vias esburacadas. O Google já vinha cobrando de seus maiores usuários uma taxa de serviço que pode chegar às centenas de milhares de dólares anuais. Mas, em outubro, anunciou que começaria a cobrar de sites menores cujos usuários gerassem a média de 25 mil visitas diárias a mapas durante um período de um trimestre. Muitos sites independentes de internet, dos quais o Google depende para a popularidade de seus produtos, se rebelaram diante da mudança.
"Se você é um site cujo objetivo é colocar uma pizzaria no mapa, isso não é problema, mas se você está tentando criar uma marca relacionada a mapeamento, a questão se torna séria", disse James Fee, vice-presidente de divulgação da WeoGeo, que oferece dados de localização. "O Google afirma que a mudança afetará um número muito pequeno de usuários, mas ouvi dizer que afetará 30% ou 40% das pessoas que realmente dependem de mapas para seus negócios. O custo mensal pode ser de dezenas de milhares de dólares."
No final de fevereiro, o Foursquare, uma rede social com serviços de localização, anunciou que seu site deixaria de usar o Google Maps e o substituiria pelo OpenStreetMap, um serviço de mapas criados por usuários, montado e administrado da mesma maneira que a Wikipédia. Em post no blog da empresa, o Foursquare informou que o aumento de preços do Google havia causado a mudança.
A nova versão da Apple para seu aplicativo iPhoto, usado no iPhone e iPad, também emprega dados do OpenStreetMap, ainda que a companhia utilize diversas fontes de mapas, especialmente o Google, em seus demais produtos. O Nestoria, um serviço de busca de imóveis, também anunciou que trocaria o Google pelo OpenStreetMap por conta do preço.
De acordo com a comScore, o OpenStreetMap tem tráfego minúsculo. O Google Maps recebeu 65 milhões de visitantes em fevereiro, 16% acima do total do período um ano antes. O MapQuest teve 35 milhões, queda de 13%. O Bing Maps, da Microsoft, ficou em terceiro, com 9 milhões de usuários, um avanço de 18%.
Ainda assim, o envolvimento de empresas como o Foursquare parece estar melhorando a qualidade do OpenStreetMap, porque os colaboradores do serviço ganharam ímpeto. "Estamos conquistando muita atenção por isso", disse Steve Coast, fundador do OpenStreetMap, que disse que sua organização tinha 500 mil usuários registrados.
Coast continua no comando do OpenStreetMap, mas, 16 meses atrás, começou a trabalhar para a Microsoft, que parece estar apoiando o serviço como forma de ajudá-la a combater o domínio do Google. Embora tenha recusado responder sobre seu trabalho no Bing Maps, pessoas dizem que Coast está desenvolvendo software de fonte aberta que tornaria mais fácil o uso do OpenStreetMap pelos criadores de aplicativos. (O Foursquare obtém seus mapas de um intermediário chamado MapBox.) Embora o Google tenha doado dinheiro ao OpenStreetMap para conferências, no passado, a Microsoft doou dados cartográficos muito mais valiosos para o projeto.
O Google parece estar contra-atacando. Ele anunciou dois novos sites que encorajam criadores de aplicativos de todos os níveis de competência a utilizar seus mapas para serviços de localização e software para celulares. Um dos sites oferece instruções de direção fáceis para chegar a um endereço, e o outro é uma galeria de coisas que as pessoas criaram usando o Google Maps.
O Google recusou um pedido de entrevista sobre o assunto. O porta-voz da empresa, Sean Carlson, afirmou em e-mail que a cobrança "tem por objetivo encorajar o uso responsável" dos dados cartográficos e "garantir seu futuro em longo prazo, ao mesmo tempo em que a vasta maioria dos criadores de aplicativos não seja afetada". Ele acrescentou que o tráfego e o número de sites que usam o Google Maps continuam a crescer desde que os novos preços foram anunciados.
O Google tem preocupações que vão além de rebeliões quanto a preço e alternativas de fonte aberta. Com o crescimento no número de usuários da internet via aparelhos móveis, serviços de localização se tornaram essenciais para muitas das maiores empresas do setor, e todas elas estão dedicando recursos consideráveis a mapas.
Em janeiro, 52 milhões de pessoas acessaram mapas com seus smartphones, 67% acima do total do período em 2011, de acordo com a comScore. O Google lidera, com fatia de 67%, mas o mercado ainda é jovem. Até o Foursquare continua a usar o Google em seus aplicativos móveis, ainda que um executivo da empresa tenha dito que isso pode mudar.
O Google foi além das instruções de acesso para motoristas e começou a mapear o interior de aeroportos e shopping centers. A Microsoft está criando mapas que informam a altura de edifícios e se as lojas do térreo têm filas longas, com base nos comentários de consumidores em redes sociais.
"Estamos chegando ao ponto de onipresença das informações de localização", disse Stefan Weitz, diretor-sênior do serviço de buscas Bing, da Microsoft, que inclui mapas. "Nosso objetivo agora é desenvolver melhores maneiras de descrever o mundo físico", com dados de usuários e fontes independentes, disse. "Os mapas ficam relativamente estáticos, e você tem capacidade de oferecer serviços aumentados em todo lugar", com dados mutáveis sobre horários e condições, e mais preferências individuais, disse Weitz.
A Nokia, que em 2008 pagou US$ 8,1 bilhões por uma companhia de mapas eletrônicos chamada Navteq, está trabalhando em aplicativos para celulares que usam mapas e informam a um passageiro a que horas precisa sair de casa para apanhar seu trem. O aplicativo computaria os horários dos trens, o atraso do dia, a rota preferida do passageiro e avisaria alguns minutos antes do horário em que você precisa sair. A Microsoft formou uma parceria com a Nokia para aplicativos móveis e recentemente lançou ferramentas que permitem que programadores criem aplicativos de mapeamento para o sistema operacional Windows 8.
Como os negócios da Apple giram cada vez mais em torno do iPhone e iPad, a empresa fez diversas aquisições relacionadas a mapas, entre as quais a da Poly9, que produz um pequeno mas poderoso mapa tridimensional da Terra, e a da C3, que permite buscas tridimensionais nas ruas de uma cidade. Outra aquisição da Apple, a Placebase, tem produtos que inserem dados de terceiros, como classificações de restaurantes, em um mapa. A Apple ainda não combinou esses serviços em um produto único capaz de enfrentar os muitos recursos do Google.
Até mesmo uma organização veterana do mapeamento comercial, o Instituto de Pesquisa de Sistemas Ambientais, criado 42 anos atrás, está entrando no jogo. No mês que vem, o instituto, que vende cerca de US$ 1,2 bilhão anual em software de produção de mapas para agências do governo, redes de varejo e companhias de infraestrutura, passará a oferecer acesso por assinatura a mapas submetidos por usuários. A ideia é que criadores de aplicativos insiram todo tipo de novos dados para computadores e celulares, nesses mapas.
"Há centenas de milhares de mapas que as pessoas subirão para que sejam compartilhados aqui", disse Jack Dangermond, fundador e presidente do instituto, que admite que é estranho estar subitamente na ponta mais aguçada do mercado. "Trabalho nisso há anos", diz. "A web está dando vida nova ao meu trabalho. A cartografia e o pensamento geográfico agora são bacanas".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
"Eu realmente não gosto das minhas amigas", queixa-se Veronica Sawyer (Winona Ryder) no filme "Heathers", de 1989, um clássico sobre turmas, suicídio e atletas no colegial. Jason Dean (Christian Slater) responde: "Eu também realmente não gosto das suas amigas".
Essas frases foram ditas muito antes do Facebook ou do Foursquare. Imagine como nos sentimos hoje, quando somos bombardeados pelos pensamentos, sentimentos, desejos e viagens de nossos amigos através de um fluxo constante de atualizações de status, links, tuítes e fotos. Ciúme, perturbação e ressentimento podem borbulhar.
"Eu tive de parar de seguir certas amigas porque constantemente as via tuitar sobre festas para as quais não tinha sido convidada!", disse ao "Times" Laurie David, autora e produtora em Hollywood.
Se você está em casa e seus amigos mandam mensagens de um bar, sentimentos de angústia podem surgir
Um estudo em janeiro na revista "Cyberpsychology, Behavior and Social Networking" descobriu que quanto mais tempo as pessoas passam no Facebook, mais elas acham que seus amigos são felizes e, em consequência, se sentem mais tristes.
Por que você está em casa quando alertas na rede social informam que seus amigos estão em um bar ou restaurante? Sentimentos de ansiedade, arrependimento e inadequação brotam, uma combinação que Jenna Wortham, do "Times", descreve como "medo de perder alguma coisa".
Os bilhões de atualizações podem fornecer vislumbres divertidos ou muitas vezes irritantes das atividades dos amigos, inimigos, colegas e ex-namorados. Vídeos de bebês, fotos de férias e declarações políticas com que você não concorda podem parecer forçados. Então basta deixar de ser amigo, certo?
Nós fazemos isso na vida real. Os psicólogos consideram uma etapa inevitável da vida quando as pessoas alcançam maturidade e autoconsciência suficientes para saber quem elas são e o que querem, e quais amigos merecem atenção e quais não, relatou o "Times". O processo de poda tem até um nome clínico: teoria da seletividade socioemocional.
Mas na internet muitos acham difícil resistir a bisbilhotar. "Eu tinha esse hábito voyeurista e bizarro de percorrer as fotos de viagem das pessoas on-line e depois me perguntar: Por que não caminhei pela grande muralha da China?. E sentir culpa: Eu deveria levar meu filho à Espanha. Eu nem sequer gosto de viajar!", disse ao "Times" a romancista Laura Zigman.
Mas os usuários não estão apenas irritando uns aos outros; os sentimentos negativos se estendem aos criadores do software. Sentindo-se rejeitados depois que o Facebook se inscreveu para uma das ofertas públicas iniciais mais lucrativas da história, alguns se perguntavam: qual é a minha parte? "Sem mim e as outras 844.999.999 pessoas que espiam, gostam e compartilham no site, o Facebook pareceria árido, desolado e muito triste", escreveu Nick Bilton no "Times".
Jaron Lanier, da Universidade do Sul da Califórnia, teme que companhias como Facebook e Twitter enriqueçam com conteúdo gerado de graça pelos usuários. Ele disse ao "Times" que esse processo deixará a sociedade dividida e distorcida.
Se é que já não está. Estamos nos aproximando do excesso de atualizações de status? Kevin Systrom, presidente do Instagram, um aplicativo de compartilhamento de fotos, disse ao "Times": "Nós como humanos só podemos processar uma certa quantidade de dados". E um certo número de amigos.
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O site de compartilhamento de arquivos The Pirate Bay planeja construir robôs voadores para hospedar os arquivos, literalmente, nas nuvens. Na verdade, muito acima delas.
A ideia é que os servidores, chamados de Loss (Low Orbit Server Stations, ou Estações de Servidores em Órbita Baixa, em português), estejam mais protegidos das autoridades.
Logotipo do site de compartilhamento de arquivos The Pirate Bay
"Dessa forma, nossas máquinas poderão ser desligadas apenas com tiros de aviões. Um real ato de guerra", diz um trecho no blog do Pirate Bay.
Por enquanto é apenas uma ideia, mas, quando implementada, os drones poderão flutuar a até 50 km do solo e oferecer uma conexão de até 100 Mbps.