O site de comércio eletrônico Kogan, da Austrália, está cobrando uma taxa adicional de 6,8% dos clientes que fazem suas compras utilizando o navegador Internet Explorer 7.
A Kogan justifica a medida com a afirmação de que sua equipe técnica gasta muito tempo para fazer com que o site apareça corretamente nessa antiga versão do browser da Microsoft.
A taxa, que passou a valer nesta quarta (13), foi divulgada por meio de um blog da loja virtual.
"Nossos preços são baixos porque usamos tecnologias eficientes e sem obstáculos. Uma das coisas que nos atrapalha é o uso desse navegador, extremamente velho."
"Não só isso nos custa uma enorme quantia de dinheiro, como também afeta qualquer outro negócio on-line. Como cidadãos da web, temos a responsabilidade de torná-la um lugar melhor."
O comunicado diz, ainda, que os clientes "não devem se preocupar", já que a medida para evitar a cobrança da taxa é muito simples.
A loja, especializada em eletrônicos, foi fundada em 2006 e tem sede na cidade de Melbourne.
O Internet Explorer 7 tem cerca de 2% de toda a participação de mercado de navegadores, segundo a w3schools, o que representa 12% entre as versões do IE.
A Kogan recomenda que os consumidores troquem o IE 7 por Chrome, Firefox, Opera ou Safari --novas edições do Internet Explorer não são mencionadas.
Componente essencial da inovação tecnológica desde Steven Jobs, o design está entre os mais importantes desafios estratégicos. O Vale do Silício o privilegia como parte de seu esforço para preservar sua vantagem diante dos simples "fabricantes". E o caso da Índia, mais que o do Brasil, parece confirmar sua importância.
Treinados em Bangalore, Mumbai, Déli ou Calcutá, os engenheiros e matemáticos indianos desfrutam de considerável reputação. Mas o mesmo não se aplica aos designers do país, cuja insuficiência começa a ser apontada como ponto fraco.
"Não é que nos faltem designers", aponta Poyny Bhatt, diretora da Society for Innovation and Entrepreneurship (Sine), uma incubadora ligada ao Instituto Indiano de Tecnologia -Bombaim, uma das mais prestigiosas escolas de engenharia indianas. "Mas devido à proliferação de companhias especializadas em engenharia e fabricação de produtos físicos, damos ênfase menor ao design".
"No passado era possível vender qualquer produto, mesmo que seu design fosse medíocre, desde que fosse funcional", me disse Kashan Kumar, presidente da divisão local da The Indus Entrepreneurs (TIE), uma organização fundada no Vale do Silício para fomentar os empreendedores indianos em todo o mundo, bancada com o dinheiro e a experiência de compatriotas que conquistaram sucesso. "Aos olhos da classe média, o design pode ser desejável mas não é imprescindível, porque se pode viver sem ele. E além disso ele custa mais caro. Arte é tradicionalmente coisa de rico".
"Não conheço muitos jovens que pensem em design como profissão", acrescenta Kumar. "Temos centenas de universidades que formam engenheiros e pouquíssimas que formam designers. As belas artes são vistas como hobby, e não como profissão", ele lamenta.
Para Mahesh Samat, ex-diretor executivo da Disney-India e hoje empresário no ramo do vinho (é dono de um vinhedo a 200 quilômetros de Mumbai), e autor de histórias em quadrinhos (já escreveu algumas). "O maio desafio para a Índia consiste na falta de respeito pelas artes. Cedo ou tarde nos arrependeremos por essa falta de criatividade original. Não pensamos de maneira diferente; para retormar a expressão da Apple, não pensamos "out of the box". A indústria cinematográfica estimula esse aspecto, distinto da engenharia, mas é o único âmbito no qual somos criativos".
"Os indianos estão apenas começando a se interessar por design", afirma Prem Chandarkavar, arquiteto que trabalha em Bangalore. "Antes da crise de 2008, o crescimento do nosso Produto Interno Bruto (PIB) era de 8% a 9% ao ano, e qualquer coisa que fabricássemos permitia ganhar dinheiro. O design e a inovação não eram indispensáveis. A insegurança nos obrigou a mudar, mas treinar profissionais de design não é algo que se consiga de um salto. É preciso cultivar esses talentos. É preciso tempo e reflexão". A indústria indiana já começou a enfrentar esse problema e "dentro de três anos as coisas serão diferentes", estima o arquiteto, capacitado a avaliar essa evolução porque a cada dia surgem mais solicitações de espaços projetados para estimular a inovação.
A consciência sobre o valor do design está crescendo onde quer que se vá. Um aspecto importante, se considerarmos que é mais fácil superar a defasagem nesse campo do que em outros.
Assim, Recife, tornada o terceiro polo tecnológico brasileiro graças à qualidade de seus engenheiros, hoje aposta nas "indústrias criativas". "Não nos centramos apenas na tecnologia", me disse Sílvio Meira, presidente do Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (CESAR). "Temos 40 designers e multiplicamos as equipes multidisciplinares". Para ele, como para Kumar da TIE, em Mumbai, o design é crucial para qualquer empresa desejosa de conquistar os mercados mundiais.
O CESAR colabora com designers indianos; o que aconteceria se a isso fossem acrescentados engenheiros indianos?
Tradução de PAULO MIGLIACCI
A Intel está apostando em tecnologia de reconhecimento facial para publicidade dirigida e numa equipe de negociadores experientes para convencer relutantes parceiros de mídia a aderirem a seu novo serviço de TV virtual.
Até o momento, no entanto, implementar o serviço vem sendo um desafio, porque a maior parte dos grandes grupos de mídia não está disposta a permitir que a Intel desmonte pacotes de programação e licencie canais e programas específicos a preço inferior ao pago pelos parceiros dessas companhias no setor de TV paga.
A Intel, maior fabricante mundial de chips, manteve sigilo sobre a estratégia para lançar um serviço enxuto de TV a cabo, mas terá de assumir riscos para iniciar atividades em uma linha de negócios completamente nova.
De acordo com cinco fontes que vêm negociando há meses com a Intel, a empresa está enfatizando um decodificador que empregaria a tecnologia dela para distinguir quem exatamente está assistindo a determinado programa, o que poderia permitir publicidade direcionada.
O decodificador que a Intel vem propondo não identifica a pessoa especificamente, mas pode oferecer dados como sexo e faixa etária e assim ajudar a direcionar publicidade, afirmaram duas das fontes.
Os planos da Intel a colocam no meio da batalha do Vale do Silício pelo controle das salas de estar. Empresas de grande porte, como Apple, Amazon e Google, acreditam que a TV a cabo dos EUA esteja aberta a mudanças por motivos que vão da mudança nos hábitos dos telespectadores ao custo crescente da produção de programas.
A TV a cabo americana movimenta US$ 100 bilhões anuais e está sob o domínio de grandes distribuidores --como Comcast e DirecTV-- e criadores de conteúdo, como Disney e Time Warner.
Embora nenhuma dessas empresas tenha feito grandes avanços no mercado até agora, a Intel acredita que conseguirá desenvolver um decodificador e um serviço de assinatura de programação de maior qualidade para prover conteúdo de TV aos telespectadores, mesmo que esse mercado seja novidade para ela.
Um serviço de TV bem-sucedido e baseado na tecnologia da Intel seria um grande passo para ampliar a presença de seu chip em aparelhos eletrônicos domésticos.
Num painel cheio de convidados engravatados, bem em linha com a formalidade e a seriedade do tema proposto ("Privacidade e Proteção de Dados On-line: Como Empresas, Governos e Usuários Podem Promover a Privacidade On-line"), um dos participantes chamava atenção por seu visual (bermuda, tênis, tatuagens): era Jacob Appelbaum, um dos líderes do Tor Project (software que permite aos internautas se comunicar de forma anônima na rede), ex-porta-voz do WikiLeaks e especialista em informática da Universidade de Washington.
Mas foi quando começou a falar que Appelbaum realmente roubou a cena, transformando-se numa das principais atrações do primeiro dia da Rio RightsCon e fazendo jus à alcunha de "o homem mais perigoso do ciberespaço", que a revista "Rolling Stone" lhe deu em um longo perfil.
Com um discurso fluido e engajado, o americano atacou todas as formas de controle on-line instituídas por governos e empresas, afirmou que nem questões de segurança nacional deveriam servir como argumento para restrições e vigilância na rede e ainda atacou dois dos patrocinadores da conferência, o Facebook e o Skype.
Jacob Appelbaum é um dos líderes do projeto Tor, rede que permite usar a internet com mais privacidade
"O Facebook é basicamente uma empresa de vigilância. Eu o chamo de Stasibook [em referência à Stasi, a polícia política da extinta Alemanha Oriental], porque você está sempre espionando e delatando seus amigos."
Para Appelbaum, o principal problema é que empresas como o Facebook e o Skype limitam propositalmente a segurança e a privacidade de seus usuários, seja porque lucram com seus dados ou porque cumprem exigências governamentais.
"Sob pretexto de segurança nacional, são criadas backdoors nos sistemas [para que os usuários possam ser rastreados] que podem ser usadas por outras pessoas. Os usuários estão sendo colocados em risco pelo próprio governo. Não deveríamos enfraquecer o sistema por causa da segurança pública."
Por causa desse acesso governamental aos dados dos cidadãos, o americano disse que "cada vez que você liga para seus amigos via Skype, está colocando-os em risco." "Deveríamos rejeitar essas empresas que comprometem nossa segurança e usar outros mecanismos, como os que permitem ligações encriptadas de ponta a ponta, trocas de mensagens seguras."
Acostumado à vigilância do governo americano (desde que foram divulgadas suas ligações com o WikiLeaks) e às críticas que recebe por conta do Tor Project (que, por tornar os usuários quase irrastreáveis, acaba sendo usado também para venda de drogas e outras atividades ilegais), Appelbaum tem respostas prontas para os ataques mais comuns:
"Maus elementos podem usar o Tor assim como usam celulares, estradas. Censurar a internet não é a forma de lidar com isso. A causa da pornografia infantil não é a internet, são as pessoas que cometem esse crime. Restringir a privacidade on-line não vai acabar com os estupradores de crianças".
"Essa é uma decisão que precisamos tomar como sociedade: é melhor todos estarmos seguros [ao usarmos tecnologias de comunicação], incluindo alguns dos vilões, do que ficarmos todos inseguros. Cada vez que alguém diz que devemos abrir exceções em direitos fundamentais por questões de segurança, devemos desafiar essa noção. A internet mudou a maneira como lidamos com segurança nacional. Não são apenas os provedores que podem violar a segurança, mas qualquer um com US$ 1.000."
Acabou hoje o prazo para requerer novos nomes de domínios genéricos de primeiro nível (também chamados de gTLDs --generic top-level domains-- ou de domínios de topo genéricos) junto à Icann (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers; em português, Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números).
A lista de nomes requeridos vai ser publicada só no dia 13 de junho, mas o Google já revelou alguns de seus pedidos num post em seu blog oficial.
Domínios relacionados a serviços da empresa, como .docs e .youtube, além de um que leva o nome da empresa, .google, estão na lista. A empresa também diz que requereu domínios com "potencial interessante e criativo", como o .lol ("lol" é uma abreviação de "laughing out loud" --rindo alto, em inglês).
Domínios genéricos de primeiro nível integram o topo da hierarquia do sistema de nomes de domínios de internet, o DNS. Estão incluídas nesta categoria, por exemplo, as extensões .com, .org, .gov e .net.
Há só 21 domínios desse tipo, e a Icann promove um programa para aumentar esse número.
Os domínios genéricos de primeiro nível foram criados em 1984. Inicialmente, seis domínios desse tipo foram criados, entre os quais o .com e o .org. Em 1985, o .net foi implementado. Desde então, só 14 novos domínios entraram na lista.
Com o programa, a Icann diz que pretende "aumentar a competição e as opções do consumidor".