Empresas que fazem aluguel de máquinas têm crescimento de três dígitos e até falta de equipamentos
O novo coronavírus está impondo uma rotina diferente de trabalho a muitas empresas brasileiras: em vez de concentrar os funcionários no escritório, a ordem agora é que cada um trabalhe de casa.
Para conseguir dar conta da demanda por equipamentos nessa situação em meio a um cenário de duração imprevisível, as companhias têm procurado alugar notebooks e desktops (computadores de mesa) para os seus empregados, o que fez os negócios de locação de computadores explodirem nos últimos dias. Diversas empresas procuradas pelo Estado nos últimos dias alegaram crescimento nas atividades em pelo menos três dígitos.
Locação de computadores para home office explode com coronavírus
Foto: Bench Accounting/ Unsplash
A Simpress, de São Paulo, por exemplo, afirmou ter visto 500% de aumento na procura pelo fornecimento de notebooks no início da semana, tendo já fechado contratos com onze clientes e um total de 1 mil notebooks. "Também fizemos propostas para o aluguel de mais 7 mil máquinas", disse o presidente executivo da empresa, Vittorio Danesi.
Já a Agasus, que atua nesse mercado há duas décadas, afirmou ter crescimento de 300% nas vendas com relação ao mês passado no segmento de aluguel de curto prazo. A empresa tem em seu portfólio 30 mil notebooks e 25 mil desktops à disposição das empresas. Localizada no bairro do Campo Belo, a Locatech informou à reportagem que está com "estoque esgotado para aluguel de curtos períodos" e que está negociando o fornecimento de mais máquinas com a Dell para a próxima semana.
A fabricante Positivo, por sua vez, afirmou que sua divisão de locação de computadores Positivo as a Service teve alta de 344% nos aluguéis desta semana, em comparação ao ano passado. A empresa afirmou ainda que, devido à demanda, está criando novos termos de negociação em seus contratos. "Normalmente, fazemos planos de 36 a 60 meses, mas com a demanda do home office pelas empresas,
estamos abrindo espaço para planos de seis a doze meses", diz Rafael Campos, responsável pela área na empresa.
Precauções
Já a consultoria Instituto Trabalho Portátil, que ajuda empresas a se adequarem ao situações de trabalho remoto, disse ter tido alta de 50% na procura, entre novos clientes e empresas que já têm algum tipo de política de home office e querem ampliá-la entre os funcionários. Segundo a consultora Amélia Caetano, que representa a empresa em São Paulo, a dinâmica de trabalho mudou.
"Normalmente, leva-se de três a quatro meses para implementarmos um projeto de teletrabalho nas empresas, mas estamos precisando agir com urgência", afirmou ao Estado.
Na visão dela, as empresas precisam entender quais são as prioridades nesse momento e flexibilizar algumas regras. "Segurança da informação é um tema super importante, mas as companhias devem estar abertas para a possibilidade de reduzir as restrições nesse momento", diz. "Também é importante identificar quais são os funcionários que mais precisam de máquinas ligadas aos sistemas da empresa e aqueles que podem trabalhar só com acesso ao email." De acordo com Amélia, um projeto para incluir 50 pessoas em uma política dessas custa de R$ 50 mil a R$ 80 mil, sem contar o aluguel ou compra dos computadores.
A mesma visão é compartilhada por Fernando Angelieri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), que também auxilia empresas a se orientarem com boas práticas. Segundo ele, um bom projeto de implementação de home office tem três pilares: colaboração, comunicação e sistemas — e este último é o mais difícil de se implementar em um cenário de urgência, porque está muito ligado às atividades centrais da empresa. "Para comunicação e colaboração, é possível utilizar ferramentas comuns, como WhatsApp, Zoom, Skype, Google Drive e One Drive, desde que com o devido cuidado e segurança", afirma.
Tentativa de invasão foi realizada no início deste mês; hackers não foram identidicados
Hackers de elite tentaram invadir sistemas da Organização Mundial de Saúde (OMS) no início deste mês, disseram fontes à Reuters, parte do que um importante funcionário da entidade disse ter sido um aumento de mais de duas vezes nos ataques cibernéticos contra a entidade.
Hackers atacam OMS em meio à pandemia de Covid-19
Foto: Ansa / Ansa
O vice-presidente de segurança da informação da OMS, Flavio Aggio, disse que a identidade dos hackers não está clara, mas a tentativa de invasão não obteve sucesso. Ele alertou que as ações de hackers contra a agência e seus parceiros dispararam em meio à campanha do órgão global para combate ao coronavírus, que matou mais de 15 mil pessoas no mundo.
A tentativa de invasão da OMS foi revelada por Alexander Urbelis, especialista em segurança cibernética e advogado do Blackstone Law Group de Nova York, que monitora atividades suspeitas em registros de domínios da internet.
Urbelis disse que notou a atividade por volta de 13 de março, quando um grupo de hackers que ele monitorava ativou um site malicioso que imita o sistema de email interno da OMS.
"Percebi rapidamente que se tratava de um ataque à Organização Mundial da Saúde", afirmou.
Urbelis disse que não sabia quem era o responsável, mas duas outras fontes suspeitam de um grupo avançado de hackers conhecido como DarkHotel, que realiza operações de espionagem cibernética desde pelo menos 2007.
Quando perguntado pela Reuters sobre o incidente, Aggio, da OMS, confirmou que o site descoberto por Urbelis havia sido usado na tentativa de roubar senhas de vários funcionários da organização.
Os motivos do ataque não são claros. Agências das Nações Unidas, entre elas a OMS, são alvo regular de campanhas de espionagem digital e Aggio se recusou a dizer quem exatamente na entidade os hackers estavam tentando atacar.
Empresas de segurança cibernética, incluindo a Bitdefender, da Romênia, e a Kaspersky, com sede em Moscou, disseram ter localizado muitas das operações do DarkHotel no leste da Ásia - uma área que foi particularmente afetada pelo coronavírus. Alvos específicos incluíram funcionários governamentais e executivos de empresas de países como China, Coreia do Norte, Japão e Estados Unidos.
Costin Raiu, chefe de pesquisa e análise global da Kaspersky, não pôde confirmar que o DarkHotel era responsável pelo ataque contra a OMS, mas disse que a mesma infraestrutura maliciosa foi usada para atacar outras organizações humanitárias e de saúde nas últimas semanas.
"Em momentos como este, qualquer informação sobre curas, testes ou vacinas relacionadas ao coronavírus não tem preço e é a prioridade de qualquer organização de inteligência de um país afetado", afirmou.
A Anatel terá reunião nesta terça para avaliar a mudança do consumo do brasileiro, e seu impacto e riscos nas redes de telecom. Netflix, Google e Facebook foram chamadas também para propor soluções. A Globoplay limita a partir de hoje a transmissão de dados de seu streaming. Netflix e Facebook também anunciaram hoje a mesma medida.
A Anatel resolveu também incorporar as empresas de internet e streaming – entre elas, Netflix, Google e Facebook – no grupo da Gestão de Riscos e Acompanhamento do Desempenho das Redes de Telecomunicações e convocou-as para a reunião extraordinária de avaliação a ser realizada nessa terça-feira, dia 24. A agência decidiu ampliar os participantes do comitê no dia 20 de março, quando enviou o ofício a todas as empresas.
Além das empresas de OTT, participarão também da reunião (feita on line) a Abrint (que representa os operadoras regionais de banda larga); o Sinditelebrasil, (que reúne as grandes operadoras), a Associação Neo (que congrega operadores de TV paga e ISPs); a Brasscom (que reúne empresas de software e fabricantes de computadores), a Abramulti (representante regional de provedores de internet) e o NIC.Br ( núcleo de coordenação do PontoBr).
Mudança de consumo
A Anatel está solicitando que as entidades façam um balanço da mudança de consumo dos brasileiros, motivada pelo Home Office devido a pandemia, e eventuais impactos e riscos percebidos nas redes de telecomunicações e ações que possam prevenir a degradação do desempenho.
Redução da qualidade do vídeo
A União Europeia decidiu recentemente que as empresas de streaming deveriam reduzir a qualidade na transmissão de seus vídeos para não comprometer a qualidade das redes de telecomunicações.
No Brasil, a Globo anunciou ontem, 21, que todos os seus serviços de streaming (o Globplay) passarão a ter uma limitação na entrega de dados. No Fantástico, a empresa anunciou que “está agindo para reduzir a pressão sobre os equipamentos das operadoras e sobre os chamados pontos de troca de tráfego”.
Em cenário de disputa de dados, empresa inaugura divisão responsável por conhecer profundamente clientes e parceiros
Com 14 milhões de usuários cadastrados, o PicPay é uma das principais fintechs de pagamentos do País. Até 2028, a carteira digital que pertence ao Banco Original, controlado pela família Batista (da J&F), quer ganhar ainda mais espaço: a ideia é saltar para 100 milhões de clientes cadastrados. Para chegar lá, a companhia está apostando alto no uso de inteligência artificial (IA), criando algoritmos para conhecer os clientes e parceiros a fundo e oferecer serviços e produtos "ao gosto do freguês".
O projeto será encabeçado por Isaac Ben-Akiva, doutor pela Universidade de Toronto e ex-diretor de aprendizado de máquina do banco britânico Barclays. Recém-chegado ao País, o executivo será o diretor de inteligência artificial do PicPay, na qual deve montar uma equipe de 50 cientistas de dados até o fim do ano - no Barclays, sua equipe tinha 250 pessoas. A área será um dos principais
destinos de contratação do PicPay, que tinha 200 funcionários no início de 2019 e quer chegar ao fim de 2020 com 1,8 mil.
"A aplicação que teremos de IA não será conservadora. O grande objetivo é entender o cliente. Se você consegue uma boa representação, você tem a possibilidade de criar modelos preditivos mais fortes e precisos", explica Ben-Akiva, em entrevista exclusiva ao Estado. "Isso possibilita entender características psicossociais e trazer para a economia comportamental. Junto com o histórico de transações, o entendimento fica muito maior", diz.
A construção de perfis de clientes, algo já feito em escala global por gigantes como Facebook e Google há mais de uma década, vive um período de aquecimento no sistema financeiro brasileiro. Por aqui, empresas e startups tentam ir além do entendimento dos clientes por meio de dados tradicionais como pontuações de birôs de crédito e histórico de compras. O PicPay também está de olho no uso de dados "não tradicionais" - como a frequência e o tipo de compras realizados por um usuário, bem como a relação com bons pagadores.
"O PicPay tem um elemento social, que permite o cadastro de amigos e, com ele, movimentações financeiras. Com isso, é possível fazer correlações que permitem oferecer produtos", explica Gueitiro Genso, que assumiu a presidência executiva da empresa há nove meses. Antes, ele já teve postos de liderança no fundo de previdência Previ e na Vale, além de ter dirigido várias áreas do Banco do Brasil.
Ben-Akiva diz inclusive que é possível buscar dados de comportamento em outras redes sociais, como Instagram, mas que isso não é desejável no momento, dado o grau de críticas e desconfiança que vivem os gigantes da tecnologia. "Isso envolve um contrato social. Tem de ser tudo transparente".
Modelos
O projeto do PicPay ocorre num tempo em que a diferenciação entre fintechs e empresas tradicionais do setor não ocorrerá pelos tipos de dados, mas pelo o que é feito com eles. Hoje, o sistema é fragmentado: bancos, emissoras de cartões e varejistas têm dados específicos de partes do processo de pagamentos de um cliente.
No segundo semestre, começará a ser implementado no Brasil o sistema de open banking, que permitirá o compartilhamento de informações dos clientes no setor financeiro. Assim, rivais terão acesso a praticamente os mesmos dados. Saber o que fazer com eles por meio de modelos de IA será fundamental no cenário em que a disputa do PicPay não ocorre apenas com serviços nativos digitais, como o Mercado Pago, mas também com bancos tradicionais. "Hoje, 80% do tempo de um cientista de dados é aplicado na preparação de dados. Selecionar as variáveis para a máquina trabalhar é a parte mais difícil. É isso que vai gerar vantagem competitiva", explica Ben-Akiva.
A diferenciação por saber o que fazer com as informações pode inclusive determinar quem sobreviverá nesse mercado. "Tenho dúvidas se todos os apps que se propõem a ser carteira digital estarão vivos daqui dois anos. Se os modelos do PicPay para usuário final funcionarem, o app poderá prevalecer", explica Fábio de Miranda, coordenador do curso de Engenharia da Computação do Insper.
À la carte
O primeiro modelo de IA do PicPay começou a ser produzido no final de fevereiro. Ele será voltado para o pagamento de cashbacks - retorno financeiro após o pagamento - aos clientes. "Não adianta, por exemplo, dar um cashback em bilhetes de metrô para quem não usa transporte público", explica Genso.
A ideia de poder oferecer promoções personalizadas é um dos fatores que a companhia espera aumentar a base de clientes - na mira, estão os 45 milhões de brasileiros desbancarizados. A personalização poderá ser boa também para quem vende. Um supermercado que precisa fazer promoções para eliminar estoque com validade próxima ao vencimento pode saber exatamente quando e para quem anunciar, diz Genso.
A nova área de IA também indica que a disputa que deve se acirrar. "Pode haver uma guerra de preços em torno do cashback. Não se pode exagerar na dose, então o uso de IA para controle é fundamental. ", explica Luiz Kugler, pesquisador da FGV.
No futuro, a companhia espera servir como uma plataforma de produtos de crédito de outras instituições, bem como ter um analista financeiro automatizado para cada usuário. As melhores indicações, claro, serão feitas pela máquina. É uma situação que parece sem volta, como afirma Ben-Akiva. "Os modelos precisam ser aplicados ao processo de negócios. É uma mudança cultural."
Nova emissora de notícias precisa provar não ser bolsonarista enquanto o canal original se firma como anti-Trump
Na noite de domingo (15), a condução da entrevista de Jair Bolsonaro à CNN Brasil gerou inúmeras interpretações negativas entre críticos de TV e colunistas de política. A emissora foi acusada de ser benevolente com o presidente.
O presidente Jair Bolsonaro faz o jornalismo da GloboNews e da CNN Brasil orbitar em torno dele
Foto: Blog Sala de TV / Divulgação
Questionamentos burocráticos teriam beneficiado o chefe do Executivo no dia em que ele virou alvo de críticas por apoiar os protestos de rua contra o STF e o Congresso e ignorar recomendações expressas do Ministério da Saúde para evitar o risco de contaminação e transmissão do coronavírus.
Neste primeiro momento, a CNN Brasil não conseguiu se livrar da desconfiança de ser pró-Bolsonaro ou um pastiche da conservadora Fox News. Essa suspeita persegue o canal há mais de um ano, desde o início de sua implementação no País. A cúpula da nova TV nega qualquer posição política, partidária ou ideológica. Vai ter que provar na prática se quiser consolidar a credibilidade pretendida.
Enquanto isso, a CNN dos Estados Unidos não esconde sua posição anti-Donald Trump. É considerada uma inimiga pelo presidente americano, assim como Bolsonaro classifica a Rede Globo. A GloboNews, principal concorrente da CNN brasileira, exibe uma cobertura bastante incisiva em relação a Bolsonaro — e agora se mexe para não perder relevância e o rótulo de principal canal de notícias da TV paga brasileira.