No Brasil, a Rede Previr analisa 7,5 mil amostras de sangue de morcegos e aves silvestres em busca de vírus e patógenos desconhecidos, com potencial pandêmico
Para se antecipar ao surgimento de novas doenças, cepas da gripe aviária e até futuras pandemias, cientistas brasileiros investigam, de forma preventiva, agentes infecciosos que vivem em animais silvestres, como morcegos e aves. Até o mês de fevereiro, 7,5 mil amostras de sangue foram coletadas e, agora, são analisadas em laboratório.
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A iniciativa que busca impedir que uma nova doença com potencial pandêmico surja no Brasil é liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Rede Previr. No total, 16 instituições de pesquisa e universidades brasileiras contribuem com a estratégia de controle, monitoramento e prevenção de patógenos desconhecidos.
Por que é importante monitorar vírus e bactérias em animais selvagens?
Para dimensionar o problema, mais de 70% das doenças emergentes — vírus que causaram epidemias e pandemias, como a Gripe Espanhola — eram provenientes de animais silvestres, explica Edison Luiz Durigon, chefe do Departamento de Microbiologia da Universidade de São Paulo (USP) e cocoordenador da Rede Previr MCTI
Buscando se antecipar aos novos patógenos, os cientistas buscam animais que são "reservatórios de vírus", ou seja, espécies que carregam um vírus potencialmente perigoso para humanos, mas que não desenvolvem a doença. Na ciência, um dos animais mais associados com este tipo de risco são os morcegos — só no Brasil são cerca de 180 espécies.
Pesquisadores brasileiros investigam animais silvestres em busca de vírus desconhecidos, mas com potencial pandêmico (Imagem: Microgen/Envato)
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"Toda vez que o homem entra em um ambiente que não é dele, um ambiente preservado, ele muda a biota e faz com que novos vírus apareçam. Vírus que estavam acostumados a serem transmitidos entre animais silvestres passam a ter o homem como alvo", detalha o pesquisador Durigon sobre o risco de doenças zoonóticas, em comunicado.
Vale lembrar que, anteriormente, um relatório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já apontou para o alto risco de surtos de zoonoses — doenças que são transmitidas de animais para humanos — ocorrerem no país. Entre os fatores de risco, estão: a grande diversidade de espécies, o desmatamento de áreas florestais, a caça ilegal e as mudanças climáticas.
O que os cientistas descobriram ao analisar morcegos e aves no Brasil?
Considerando apenas os morcegos brasileiros, mais de 3,6 mil amostras foram coletadas e, desse total, 1,4 mil foram processadas (analisadas). No momento, os pesquisadores identificaram 146 coronavírus, sendo 12 caracterizados como paramyxovirus, incluindo um vírus pertencente ao mesmo gênero viral do agente infeccioso que causa o sarampo.
Desde agosto do ano passado, o grupo também analisa aves silvestres migratórias. Por causa do atual surto causado pelo vírus Influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1), na América do Norte, os cientistas estão focando na análise de espécimes das ordens Charadriiformes e Anseriformes, que são consideradas hospedeiros naturais do patógeno.
Após analisar amostras coletadas de 667 aves migratórias, a equipe identificou um vírus de influenza aviária de baixa patogenicidade, do subtipo H11N2, no Rio Grande do Sul. Agora, os testes e a coleta de amostras continuam para impedir que uma cepa de alta patogenicidade chegue ao Brasil, consiga se disseminar entre os animais e venha a infectar humanos.
A comida é um componente primordial em missões fora da Terra, mas, além de nutritiva, ela precisa ser gostosa - até por questões de sanidade
Getty Images
Pesquisas já descobriram que a comida é fundamental para manter a saúde física e mental dos humanos no espaço
Se você já se perguntou sobre o futuro das viagens espaciais e da alimentação, você não está sozinho. A Zero Gravity Corporation é uma empresa de entretenimento e turismo espacial, cuja missão é compartilhar um pouco da empolgação de viajar para o espaço com o público que tem essa curiosidade. Atualmente, ela é a única empresa privada que oferece oportunidades comerciais para pessoas interessadas em experimentar a verdadeira “leveza” do espaço sem realmente ir para lá.
“Entretenimento espacial e turismo é um pouco limitador, considerando a quantidade de pesquisas científicas inovadoras que nosso negócio permite”, explica Matt Gohd, CEO da ZERO-G. “Mas, em alto nível, o papel da Zero-G na indústria espacial é tornar o espaço mais acessível para a sociedade como um todo. Apenas uma fração da humanidade experimentou a gravidade zero. Estamos mudando isso”.
Gohd encoraja: “seja você um astronauta em treinamento, um cientista conduzindo uma pesquisa inovadora ou um civil com um sonho, tudo começa no mesmo lugar: um voo com a Zero-G.”
A empresa tem feito parte de muitos estudos científicos, particularmente no espaço gastronômico, e muitas vezes serve como anfitriã de experiências culinárias em parceria com equipes de pesquisa, incluindo as do MIT.
Como eles descobriram, a comida é fundamental para manter a saúde física e mental dos humanos no espaço. Juntos, a ZERO-G e equipes científicas estão trabalhando em como melhorar a saúde fora da Terra e estudando novas abordagens para a tecnologia alimentar. Viagens espaciais mais longas e intensas precisam de alimentos nutritivos – que também nutrem a alma, o que também é importante para o bem-estar geral.
A Forbes conversou com Matt Gohd, CEO da ZERO-G, sobre comida, conforto, o futuro das viagens espaciais culinárias e muito mais. Veja a seguir:.
Forbes: A Zero-G esteve envolvida em um experimento de gastronomia molecular. Qual papel ela desempenhou?
Matt Gohd: Como o único fornecedor de voos de gravidade zero aprovado pela FAA [Administração Federal de Aviação dos EUA], realizamos vários experimentos culinários com nossos parceiros de pesquisa, como o MIT, entre outros.
Nos últimos 19 anos, a Zero-G esteve envolvida em uma ampla gama de pesquisas culinárias, como: armazenamento de alimentos (refrigerador espacial), preservação de alimentos (armazenamento/transporte), produção de alimentos no espaço (caviar de algas), preparação de alimentos (mecanismos de cozimento e hotpot), consumo de alimentos (sabor e cheiro) e muito mais.
Esses experimentos são possibilitados por nossos parceiros de pesquisa, desde universidades até organizações privadas. Eles identificam os parâmetros, equipamentos e metodologias do experimento, enquanto nós fornecemos os voos de gravidade zero para coleta de dados e testes.
Ao voar em nosso Boeing 727 especialmente modificado, realizamos uma série de manobras acrobáticas chamadas parábolas. Pilotos especialmente treinados as realizam, não há simulação.
Cada parábola oferece cerca de 30 segundos de gravidade zero durante os quais tudo dentro do avião fica sem peso. Executamos 30 parábolas ao longo de um voo de pesquisa, o que oferece aos pesquisadores aproximadamente 14 a 15 minutos de gravidade zero para coletar dados valiosos.
Zero Gravity Corporation
Voo de gravidade zero
F: Pode explicar exatamente o que faz uma empresa de entretenimento e turismo espacial?
MG: Nossos voos de gravidade zero não são simulados de forma alguma. É a vida real, tirando a gravidade. O Boeing 727 modificado, chamado G-Force One, voa em blocos de espaço aéreo designados pela FAA com aproximadamente 160 quilômetros de comprimento e 16 quilômetros de largura.
O processo começa com a aeronave voando no nível do horizonte, a uma altitude de 7.300 metros. Os pilotos aumentam gradualmente o ângulo para cerca de 45° em relação ao horizonte até atingir uma altitude de 9.700 metros. Durante esta fase, os passageiros sentem a força de 1,8 Gs.
Em seguida, o avião passa por cima do arco parabólico e a fase de gravidade zero começa. Nos próximos 20 a 30 segundos, tudo no avião não tem peso. Por fim, o avião sai suavemente da manobra, permitindo que os passageiros retornem gradualmente ao piso da aeronave.
Não há nada na Terra que possa prepará-lo para a sensação de experimentar a gravidade zero pela primeira vez. Nossos visitantes frequentemente descrevem a experiência como “reveladora” e “transformadora”.
F: As pessoas gostam de comer e beber bem quando viajam. Será que isso pode se aplicar a viagens espaciais?
MG: Quase certamente se aplicará a viagens espaciais, seja uma missão de exploração espacial de longo prazo ou uma visita curta a um dos hotéis espaciais de que tanto ouvimos falar hoje em dia.
Mesmo além de seu valor nutricional, a comida desempenha um papel significativo na cultura humana. Foi demonstrado que preparar alimentos promove o relaxamento e a criatividade. Compartilhar comida une as pessoas e aprofunda sua conexão.
Mas um dos maiores desafios gira em torno do armazenamento e produção de alimentos. A maioria dos alimentos é volumosa e tem prazo de validade limitado. Especialmente para missões no espaço profundo, não é nem remotamente possível enviar toda a comida da Terra. Sabemos quais são os obstáculos que inibem a alimentação no espaço, basta identificar os melhores métodos para superá-los.
F: Nas experiências da Zero-G, a comida e a bebida desempenham este papel? Se não, irão algum dia?
MG: Comida e bebida desempenham um papel fundamental em nossa experiência Zero-G. Tudo começa com a preparação antecipada dos nossos hóspedes para o dia do voo.
Mais especificamente, aconselhamos os passageiros a evitar bebidas pesadas e alimentos gordurosos ou muito calóricos na noite anterior. No dia do voo, oferecemos a todos um café da manhã leve, que desempenha um papel importante em garantir que todos tenham uma experiência confortável.
F: Como sua empresa está ajudando a melhorar o sabor dos alimentos no espaço? Quais os desafios e dificuldades para que a comida também seja saborosa, além de nutritiva, fora da Terra?
MG: O papel do Zero-G em melhorar a comida espacial decorre de fornecer uma plataforma para mais pessoas pesquisarem e evoluírem o conhecimento existente.
No final do dia, trata-se realmente de acessibilidade. Quanto mais pessoas tiverem acesso a essas oportunidades de pesquisa, mais rápido poderemos avançar em nosso conhecimento coletivo sobre o espaço – seja relacionado a alimentos ou a qualquer outra tecnologia relacionada a ele.
F: Qual a relação entre saúde mental e sanidade com confortos – como boa comida – no espaço?
Durante os interrogatórios pós-missão, você ouvirá muitos astronautas se referirem à comida como um de seus principais confortos. Embora haja uma pequena variedade de itens de menu, as opções disponíveis são, compreensivelmente, focadas em nutrição e sustento. É liofilizado e pré-embalado para atender aos rigorosos requisitos exigidos pelas nossas capacidades atuais de viagem espacial.
Ouve-se comentários semelhantes de indivíduos que trabalham em plataformas de petróleo offshore, estações de pesquisa na Antártica e outros locais remotos – profissões que os colocam em extremo isolamento por longos períodos de tempo. Jack Stuster expressou-se melhor quando escreveu: “Quanto mais longo o confinamento, mais importante se torna a comida”.
Comida é mais do que apenas sustento. É um componente crítico para manter a moral do grupo, a produtividade e outros fatores importantes que nos tornam humanos. Não importa o quanto as viagens espaciais avancem no futuro, nunca escaparemos de nossa necessidade humana de comida.
Visualização imersiva e live view do Google contam com inteligência artificial (IA) e unem imagem, texto e vídeos
Google anunciou novidades como visualização imersiva e live view (acima)
Foto: Reprodução / Google
O Google anunciou várias novidades em seu buscador, nos seus serviços de mapa e tradução, nesta quarta-feira (8), em um evento em Paris. A empresa informou ainda que os recursos de visualização imersiva e live view estarão disponíveis em alguns pontos de São Paulo, sendo um deles o aeroporto de Guarulhos.
As ferramentas contam com inteligência artificial (IA) e unem imagem, texto e vídeos para criar uma experiência que funciona de forma mais parecida com a nossa mente. Resumindo as novidades, o Google declarou que "se você consegue ver, você consegue buscar".
Um dos recursos apresentados no evento é o de multibusca, que permite ao usuário buscar uma imagem com texto ao mesmo tempo. Por exemplo, se você viu por aí uma roupa que adorou e desejaria ter igual, mas em outra cor, basta tirar uma foto da peça e buscar na ferramenta com o nome da cor desejada (como "verde").
Já outra funcionalidade é a de "pesquisar tela". Ou seja, se o Google Lens já permite explorar imagens do mundo físico, agora será possível buscar o que está aparecendo na própria tela do celular – que pode estar em um site ou app. Se um amigo te enviou um vídeo de viagem e você deseja saber que ponto turístico é aquele, é só pesquisar a tela que o Google irá procurar o local de origem da filmagem.
Novidade que estará em São Paulo, a visualização imersiva faz a pessoa sentir que está no local antes mesmo de visitá-lo, segundo o Google. Basicamente, o recurso funde bilhões de imagens do Street View e panoramas aéreos para criar uma versão digital do mundo, com informações como clima, trânsito e mais.
A ideia é: se você deseja visitar um museu, a visualização imersiva permite que você saiba se a instituição estará cheia naquele horário, se vai chover, onde são as entradas, entre outras informações. O controle deslizante do tempo também mostra variações do dia escurecendo no local, além de chuva se estiver chovendo etc.
Se a pessoa já estiver no local, poderá ver o interior de restaurantes e cafés próximos com cenas criadas por meio de campos de radiância neural (NeRF), técnica avançada de IA que transforma imagens em representações 3D. O recurso está disponível, por enquanto, em Londres, Los Angeles, Nova York, São Francisco e Tóquio.
O live view, também anunciado pela empresa no evento, usa IA e realidade aumentada para encontrar estações de metrô, bancos, restaurantes e parques ao redor da pessoa, exigindo apenas que ela abra a câmera e aponte para os espaços ao redor. Haverá setas indicando por onde ir. A funcionalidade está nas mesmas cidades que a visualização imersiva, mas deverá chegar a outras nos próximos meses.
Por fim, o live indoor view, para ambientes internos, funciona da mesma maneira, mas para estabelecimentos como aeroportos e shoppings. Hoje, está disponível nos EUA, Zurique e Tóquio e deverá chegar a mais 1.000 novos aeroportos, estações de trem e shoppings de outras cidades.
Sobre o Bard, inteligência artificial parecida com o ChatGPT que está sendo desenvolvida pelo Google, não foram dados mais detalhes e a empresa declarou estar "em período de testes de grupos externos".
Passados mais de 50 anos, o homem pisará novamente na Lua
Os planos do homem voltar à Lua, desta vez, terá a participação de centenas de estudantes mundo afora, incluindo brasileiros. Por meio do projeto de astronomia cidadã GLEE (Great Lunar Expedition for Everyone), iniciativa da Nasa em parceria com a Universidade do Colorado, nos EUA, estudantes do Brasil programarão placas eletrônicas que serão enviadas pela missão Artemis para coletar dados ambientais da superfície lunar.
Passados mais de 50 anos da missão Apollo 11, que colocou os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminhando na superfície da Lua, o programa Artemis da Nasa intensificará a exploração espacial e levará o ser humano novamente ao satélite natural da Terra.
Foto: Arquivo pessoal / Gabriel Kozlowski Andreola
O Artemis quer aprofundar as pesquisas a respeito do satélite e do Sistema Solar. A missão pretende levar a primeira mulher à Lua, usar tecnologias inovadoras para explorar a superfície lunar e aproveitar todo o aprendizado para um outro grande salto: enviar astronautas até Marte.
De acordo com o professor José Carneiro da Cunha Oliveira Neto, da Universidade de Brasília, o Artemis tem o apelo de ser a humanidade colonizando a Lua. “Grupos de pesquisadores podem participar individualmente do projeto e isso é um dos pontos que encantam.”
Nova geração de exploradores
Para tanto, o programa liderado pelos Estados Unidos conta com a cooperação de 22 países, entre eles o Brasil. A iniciativa GLEE é um catalisador para a nova geração de exploradores e missões espaciais envolvendo estudantes de todo o mundo.
Cada equipe de alunos deve projetar uma missão científica local para o LunaSat, que é uma pequena placa eletrônica, de aproximadamente 5 gramas, com vários sensores para realizar diferentes medições e coletar dados na superfície da Lua, os quais serão transmitidos de volta para a Terra.
A empolgação com a oportunidade é grande entre os alunos do Colégio Estadual do Paraná (CEP), que fizeram a inscrição nos instantes finais e foram selecionados para participar do programa, conta Gabriel Kozlowski Andreola, graduando em Física, que atua no observatório e planetário do colégio e também como orientador do projeto.
Imagem do nariz do foguete Artemis-i SLS com a cápsula Orion no pórtico de lançamento à luz da Lua
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
Programação mais que esperada
Sob instruções do GLEE, os participantes receberam 12 módulos para serem preparados, cada um com uma parte específica da programação, que ao final será reunida e enviada para a Nasa.
As placas foram recebidas pelos alunos do CEP no final de outubro. Andreola explica que elas não são constituídas do material que irá para o espaço. A programação desenvolvida será inserida pela Nasa na placa definitiva, capaz de resistir às intempéries da Lua.
Todos os grupos de alunos, das diferentes instituições de ensino selecionadas pelo GLEE, têm a mesma atribuição para programar os registros. O diferencial, segundo Andreola, é que cada equipe pode inserir uma programação de autoria própria, ponto que os alunos do colégio ainda trabalham para definir.
Coletando dados
O professor Amauri José da Luz Pereira, coordenador do OACEP (Observatório Astronômico e Planetário do Colégio Estadual do Paraná), explica que as placas recebidas foram usadas em nanossatélites em voos orbitais e agora serão programadas para coletar dados na superfície lunar, sendo que os alunos terão a atribuição de decidir o intervalo para a coleta.
“As placas serão distribuídas na lua, conforme caírem na sua superfície. Terão dois dias lunares, que correspondem a 56 dias terrestres, para a coleta de dados como temperatura, composição das rochas, sensores de impactos para medir pequenas vibrações na superfície da Lua e também medir o campo magnético”, detalha Pereira.
Todo o trabalho feito para a programação das placas será enviado para a Nasa, que fará rodar com os LunaSats.
Código aberto
O professor destaca que se trata de um programa inovador, na “pegada” do open source, ou seja, que usa código aberto e assim pode ser visualizado por qualquer pessoa.
“Essa possibilidade de ser um programa de código aberto faz com que se tenha um software de linguagem comum, que pode ser entendido por alunos que participam de equipes de robótica, por exemplo”, pontua Pereira.
Andreola também ressalta a importância das placas serem programadas por Arduino, que é uma plataforma didática usada no dia a dia de quem atua em projetos de eletrônica e robótica.
Placas utilizadas pelos alunos do Paraná
Foto: Gabriel Kozlowski Andreola
Motivar futuros cientistas
A equipe do CEP para essa missão é formada pelo professor e nove alunos. Pereira diz que a participação no GLEE elevou a motivação do grupo, tanto que já percebe a intenção de alguns estudantes disputarem vagas em cursos nos quais possam se especializar em astronomia espacial.
“No Brasil, onde temos carência de cientistas, um incentivo como esse é muito importante. É algo inédito na área das ciências espaciais e ver o interesse dos alunos é muito bom”, destaca.
O CEP possui um complexo astronômico com planetário e observatório. O colégio mantém quase 5 mil alunos e 30 participam de projetos na área do OACEP, que hoje tem fila de espera para acolher novos integrantes.
Esse não é o único projeto da escola com a Nasa. Os alunos estão envolvidos com outras iniciativas e foi a partir da observação de imagens de telescópios da agência norte-americana, usados em programas colaborativos, que dois alunos da instituição fizeram a descoberta de um asteroide, confirmado no ano passado.
Expectativas com os LunaSats
Com relação às placas eletrônicas, a programação é que até o final do semestre elas retornem do Brasil para a Nasa.
“Depois disso, aguardaremos as diretrizes do GLEE para saber quando serão embarcadas. Claro que gostaríamos de acompanhar in loco, mas por limitação financeira não será possível, a menos que alguma empresa queira incentivar”, admite o professor.
O lançamento dos dispositivos deve acontecer em 2024. As placas são identificáveis, o que permite conhecer a equipe que programou cada dispositivo.
Segundo Pereira, existe a possibilidade de algumas dessas placas serem coletadas por astronautas na próxima viagem à Lua e trazidas de volta para a Terra.
“Se uma das nossas voltar será o troféu mais raro que teremos. Ir para a Lua e retornar à Terra”, enfatiza.
O professor elege entre os principais dados que serão coletados a medição mais acurada do campo magnético.
“Talvez seja o maior legado científico. Ele trará [conhecimentos] para a forma de desenvolver equipamentos de orientação para navegação na Lua, que podem ser mais precisos para as próximas missões.”
A primeira ida à Lua ocorreu no auge da Guerra Fria entre russos e americanos. Os russos foram os primeiros a colocar satélite lá e os EUA fizeram com que o homem pudesse pisar na Lua.
Foi uma corrida da época, em parte para marcar poder, e do ponto de vista econômico aquela missão não teve grande significado.
Efeito hélio-3
Agora, mais recentemente, os chineses mandaram suas sondas e descobriram o elemento hélio-3 presente na Lua. Trata-se de um combustível importante para o reator de fusão nuclear, que é a famosa equação do físico Albert Einstein (E = mc2).
Segundo o professor, cada 85 gramas de hélio-3 equivale à capacidade total de toda a Usina Hidrelétrica de Itaipu, durante um dia.
Pereira explica que o hélio-3 existe na Terra, a valores elevados e parece presente em abundância na Lua.
Talvez isso possa justificar investimentos e toda a especulação sobre os aspectos econômicos dessa nova viagem do homem à Lua.
O que explica essa característica é que o eixo da Terra não é totalmente perpendicular à órbita terrestre; entenda
Latitude e longitude são elementos decisivos para a duração dos dias em locais do planeta
Foto: Pixabay
Você já deve ter notado que, no verão, o dia escurece mais tarde. Às vezes, o relógio marca quase 19h mas o céu continua claro. E a razão para isso é que, nessa estação do ano, os dias são mais longos e as noites, mais curtas. É o oposto do que acontece no inverno, quando os dias são mais curtos e as noites, mais demoradas.
O que explica essa característica é que o eixo da Terra não é totalmente perpendicular à órbita terrestre. No verão que ocorre no hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, a ponta sul do eixo do planeta está voltada para o Sol, fazendo com que ele fique visível por mais tempo.
É também no verão que, ao mesmo tempo em que o Sol nasce mais cedo, ele também se põe mais tarde, o que faz com que os dias sejam mais longos.
A latitude — a distância do local em que se está até a Linha do Equador — determina se um dia é mais curto ou mais longo. Quando mais próxima uma localidade estiver desse marco, menos variações vai sofrer com as estações do ano. Por exemplo, a cidade de Fortaleza está bem próxima da Linha do Equador, o que faz com que a duração dos seus dias e noites não varie tanto do verão para o inverno.
Eixo de inclinação da Terra explica verão com dias mais longos e inverno com dias mais curtos
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Em cidades distantes da Linha do Equador, como Porto Alegre, a latitude varia mais e o período de horas de um dia (ou seja, enquanto faz Sol) também muda mais, podendo chegar a uma média de quatro horas de diferença entre uma estação e outra.
Por conta da inclinação do eixo da Terra, vários países também escurecem em horários variados. Então, enquanto em Paris, na França, o Sol se põe por volta das 22h30 durante o verão, no nordeste brasileiro é normal anoitecer após às 18h na mesma estação.
Além da latitude, que mede distâncias norte-sul entre os polos a partir de linhas horizontais, a longitude, que mede posições leste-oeste, a partir das linhas verticais, também influencia na quantidade de horas claras de um dia.
A longitude é medida a partir da linha de Greenwitch, na Inglaterra. Nesse marco, ela vale 0º, e todas as regiões a oeste marcam números negativos, e as regiões a leste, positivos.
Os únicos dias em que a duração da luz solar é a mesma para todas as partes do globo são os dias em que acontecem os equinócios, entre 20 de março e 22 de setembro, quando a luz dura 12 horas em todo o mundo. Nesse momento, ou o Sol corta o equador passando do hemisfério norte para o hemisfério sul ou vice-versa – o que faz com que os dias e as noites tenham igual duração.