Qual é a natureza da computação? Seu propósito único é servir como veículo da matemática pura? Possivelmente não.
"Computadores são objetos físicos e a computação é um processo físico", diz o físico israelense David Deutsch. "O que computadores podem ou não fazer é determinado unicamente pelas leis da física, não pelas regras da matemática."
Deutsch é um dos pioneiros do campo da computação quântica, que procura fazer uso das estranhas leis da física para turbinar a capacidade de cálculo das máquinas a níveis até pouco tempo atrás inimagináveis. Seu nome, porém, ainda está longe de ser conhecido do público leigo, como os de um Einstein ou um Hawking.
E a frase de Deutsch sobre a natureza da computação tampouco chegaria ao conhecimento de um brasileiro leigo não fosse por "A Revolução dos Q-Bits", obra que acaba de sair de uma parceria entre o físico Ivan Oliveira, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e o jornalista Cássio Leite Vieira, editor da revista "Ciência Hoje". O livro se propõe a algo que, também, até aqui parecia um desafio intransponível: explicar a computação quântica para não-especialistas.
A computação quântica faz uso de leis da natureza que só se evidenciam na escala de átomos e partículas elementares, e o comportamento destes trai qualquer tipo de intuição que possa ser aplicada à física clássica, do movimento de planetas à colisão de bolas de bilhar.
A inspiração de Oliveira e Vieira para o livro, porém, talvez tenha vindo justamente daí. Explicar as pesquisas que hoje são a maior promessa de revolução na informática é um ótimo pretexto para contar duas histórias fascinantes. Uma é a da mecânica quântica --a teoria que explica o bizarro comportamento das partículas elementares.
A outra é a da computação --a tecnologia que a maioria dos mortais usa sem saber como funciona.
O toque de ousadia do livro, porém, não está em seu relato sobre o passado. A "história" da computação quântica é contada desde a perspectiva de um futuro imaginário, na segunda metade do século 21, quando essa tecnologia já estaria disponível em escala comercial. Não deixa de ser um salto no escuro, já que, apesar de promissora, a computação quântica ainda está confinada a laboratórios e enfrenta problemas práticos que não são desprezíveis.
Sobreposição de estados
A ideia da computação quântica saiu da constatação de que partículas elementares como os elétrons, diferentemente das bolas de bilhar, não parecem existir materialmente enquanto não são capturadas. Elétrons, apesar de serem partículas, existem apenas na forma de uma nuvem de probabilidades, e por vezes se comportam como se fossem ondas.
Esse estado de indefinição em que as partículas elementares permanecem quando não estão em interação pode ser usado para subverter a lógica dos computadores atuais, dizem os cientistas. Macs e PCs que usamos hoje são construídos sobre sistemas físicos onde tudo é representado em estados bem definidos.
Qualquer informação é representada em grupos de bits, unidades de informação que nada mais são do que encarnações dos algarismos "um" ou "zero", ou de "sim" e "não" lógicos.
O salto da computação quântica é que átomos e elétrons individuais podem encarnar os "quantum-bits" (ou q-bits), unidades que representam estados de "um", "zero" ou "ambos". Parece uma ideia sem sentido, mas não menos do que o mundo microscópico real, onde uma partícula pode ser "teletransportada", sumindo num lugar e surgindo noutro.
Oliveira e Vieira apostam que, no tempo de duas gerações, toda essa sorte de estranhezas será a base do funcionamento da nova geração de computadores. Essas máquinas servirão ao propósito de resolver problemas complexos, como fatorar números grandes, em segundos. Não parece grande coisa, mas isso faria quase todos os sistemas de segurança de transações bancárias virassem sucata da noite para o dia.
Mas banqueiros e correntistas podem ficar tranquilos. A computação quântica também abrirá portas para sistemas de comunicação que finalmente serão 100% à prova de hackers, acreditam os os autores.
O final mais bonito dessa história que ainda não aconteceu, porém, pode ser um retorno da computação aplicada à física básica. Os processadores quânticos prometem ser capazes de resolver problemas da ciência que hoje são intratáveis com computadores clássicos, e dependem de experimentos.
"Hoje [fim do séc. 21] é possível simular um sistema físico ou biológico complexo com absoluta precisão em um computador quântico", profetizam os autores, em retrospecto.
"A Revolução dos Q-Bits"
Autor: Ivan S. Oliveira e Cássio Leite Vieira
Editora: Zahar;
Páginas: 160
Quanto: R$ 29,90
Enquanto fabricantes e lojas ainda não têm a obrigação de receber de volta seus cabos e carregadores antigos, o melhor caminho é a doação. Uma lei federal, que poderia regulamentar o assunto, tramita desde 1991 na Câmara dos Deputados. Em São Paulo, lei sancionada no início deste mês trata do destino do lixo tecnológico.
O ecólogo Felipe Andueza, 26, alerta sobre o descarte desse material em lixo comum. "Todos os plásticos eletrônicos são cobertos por um polímero tóxico, usado para que o material não superaqueça", diz. Ele conta que esse material pode chegar aos rios e ter grande impacto negativo no ambiente.
O armazenamento também não é a solução mais segura. "Se deixar no sol, calor, umidade ou mesmo ao ar livre, o material vai se degradando e soltando pedaços. Dessa maneira, o polímero também é liberado no ambiente", explica.
Para descartar o material eletrônico usado, o primeiro passo, diz Andueza, é "pressionar o fabricante" para que ele receba o produto de volta e, se isso não for possível, o melhor é procurar algum lugar que receba doações. O consumidor deve ficar atento porque, em São Paulo, as lojas e empresas que não aceitarem o material de volta respondem a penas previstas na Lei de Crimes Ambientais.
Redes como a Metareciclagem recebem doações e distribuem o material para projetos de reaproveitamento em todo o país. Veja uma lista com agentes que recebem este material em bit.ly/VKOOk.
Entre o final de agosto agosto e o início de setembro, um centro especializado em lixo eletrônico será inaugurado na USP (Universidade de São Paulo). A responsável pelo projeto, Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, diz que os interessados devem ficar atentos ao site cce.usp.br para mais informações.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos deve regulamentar o assunto em todo o país. Segundo o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), que coordena o grupo de trabalho do projeto na Câmara dos Deputados, o descarte de responsabilidade do fabricante "está na proposta e é definitivo".
Como o projeto tramita desde 1991, Jardim diz que já mantém um diálogo com os senadores para "encurtar o caminho" da aprovação do projeto.
Colecionador de cabos
O produtor audiovisual Thiago André, 28, é apontado pelos amigos como colecionador de cabos e carregadores de celular. Ele estima que tenha entre 20 e 25 desses conectores em casa.
Os itens são colecionados desde os tempos do seu primeiro Atari e, com o trabalho, "o número só aumentou".
Apesar da grande quantidade, ele diz que não tem dificuldade para usar tudo, "mas é ruim ter que estar sempre com o cabo certo. E, quando um dá problema, não adianta ter outros 20", conta.
A falta de padronização também traz gastos a André. "Se um cabo some, ou tem problema, tem que comprar daquele tipo, não tem adaptador, não tem conversa", diz. O produtor sonha com o adaptador ideal: "Ele detectaria sozinho o que eu estivesse ligando nele".
Apesar da confusão, André afirma que não consegue jogar tudo fora tão rápido. "Sempre fica aquela esperança de que um dia eu possa precisar daquele cabo", diz.
Sobre a padronização de carregadores de celular, ele acredita que a "comodidade do cliente" será colocada em primeiro lugar e não apenas os "interesses das empresas".
A Dell, segunda maior fabricante de computadores do mundo, está desenvolvendo um aparelho portátil para navegação na internet, afirma a edição desta terça-feira (30) do diário econômico "The Wall Street Journal".
Robert Galbraith -19.jun.09/Reuters
Aparelho da Dell seria similar ao iPhone (foto), mas sem funcionalidade de celular
Citando "pessoas familiares aos planos da companhia", o "WSJ" informa que o aparelho funcionaria com o software Android, do Google.
Duas pessoas que viram os primeiros protótipos descreveram-no como um pouco mais largo do que o iPod Touch, da Apple, com similaridades ao iPhone --mas sem a capacidade de um aparelho celular.
Outra pessoa que informou a respeito do projeto da companhia disse ao jornal que a Dell pode começar a vender o aparelho ainda neste ano --mas existe a possibilidade do plano ser adiado.
Um porta-voz da Dell não quis comentar o assunto.
O Google anunciou nesta quinta-feira (28) o lançamento de uma espécie de "e-mail de última geração", que mistura aspectos de rede social, correio eletrônico e programas de mensagens instantâneas. O objetivo do produto, chamado Wave, é agilizar a troca de informações entre os internautas, permitindo o rápido compartilhamento de arquivos em texto, fotos e mapas.
Por enquanto, o Google Wave está disponível apenas para 3.000 desenvolvedores. Assim como acontece com o Chrome e o sistema operacional para celulares Android, a plataforma é aberta, para permitir que esses programadores adicionem aplicativos ao serviço. De acordo com a empresa, o sistema será aberto para usuários finais até o fim do ano.
A ideia é que os usuários saibam, em tempo real, o que seus contatos estão fazendo. Ao contrário do que acontece com o Windows Live Messenger, (popularmente conhecido como MSN) e nos sistemas de e-mail, em que é necessário que um usuário clique em "enviar" para que o outro receba a mensagem, no Wave as letras já aparecem enquanto o texto é digitado.
Também é possível adicionar fotos que estejam armazenadas no computador do internauta --uma ferramenta monta uma apresentação de slides com as imagens enviadas pelas pessoas que participam da conversa. Só têm acesso a esses dados os internautas adicionados à conversa.
O Wave também permite que vários usuários editem um documento de texto, por exemplo, ao mesmo tempo. O programa mostra as alterações feitas por cada um.
Há também a possibilidade de adicionar mapas e games ao sistema --durante apresentação em São Paulo, executivos mostraram o protótipo de uma partida de xadrez que pode ser jogada pelo serviço. O Google também promete uma ferramenta para a adição de vídeos.
Ainda não está claro como a ferramenta vai se integrar a outros produtos do Google, como o Docs e o Gmail, para impedir a "canibalização" entre os serviços.
"O Gmail é um serviço muito popular, várias pessoas o usam em todo o mundo. Estamos estudando modos de integrar o Wave a outros dos nossos serviços", afirma Lars Rasmussen, coordenador do projeto, desenvolvido pela unidade australiana da companhia.
O lançamento é uma resposta ao fato de o sistemas de e-mail estarem perdendo popularidade, devido à concorrência com redes sociais e sistemas de troca de mensagens instantâneas --o correio eletrônico tende a ser considerado um instrumento muito sisudo e protocolar.
O diretor-geral do Google para a América Latina, Alexandre Hohagen, afirmou nesta quinta-feira (28) que a empresa trabalha para lançar o primeiro celular com sistema Android no Brasil ainda neste ano.
Essa plataforma para aparelhos móveis é desenvolvida por um consórcio que tem o Google como líder. Segundo o executivo, no momento há negociações com fabricantes de celular para o lançamento do produto.
"Neste ano ainda devemos ter algumas surpresas", afirmou Hohagen, a respeito da chegada do produto, durante evento realizado na sede do Google em São Paulo.
Hohagen afirmou que a estratégia é focar nas negociações com as fabricantes, e não com a operadora, como foi feito para a produção do primeiro celular com Android, o G1, lançado nos Estados Unidos no ano passado pela T-Mobile --na compra, é necessário assinar um contrato de dois anos com a operadora.
O produto chegou à Europa neste ano. "Isso evita contratos de exclusividade e faz com que haja um aumento no número de empresas interessadas."
O sistema Android é uma das grandes apostas do Google para concorrer com empresas como a Apple, fabricante do iPhone. A plataforma possui código aberto, o que permite a qualquer um criar novos aplicativos para o aparelho.
O usuário pode, pelo celular, obter acesso rápido a serviços do Google, como Gmail, YouTube, Google Maps, GTalk e o Calendar, além de fazer buscas.
Entretanto, o G1 ainda aparece atrás de seus principais competidores nos Estados Unidos. Segundo a consultoria NPD, o produto ficou em quinto lugar nas vendas de smartphones no primeiro trimestre, atrás do BlackBerry Curve (RIM), iPhone 3G (Apple), BlackBerry Storm e BlackBerry Pearl.